A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi)  estão promovendo o Workshop sobre Diagnóstico Laboratorial de Resistência a Carrapaticidas até a próxima sexta-feira (21/3). O evento, que foi aberto segunda-feira (17/3), ocorre no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor (IPVDF) da Seapi em Eldorado do Sul. O objetivo é alinhar as metodologias de diagnóstico de resistência a carrapaticidas em animais de produção, como bovinos.

O encontro conta com a participação de representantes de laboratórios de referência do Continente Africano (Burkina Faso e África do Sul), Índia, México, Estados Unidos e Austrália. “O IPVDF está sendo o anfitrião desta rodada de discussões, que visa estabelecer uma rede mundial de laboratórios de referência da FAO, sendo o IPVDF o possível representante da América Latina”, explica o diretor do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Seapi (DDPA), ao qual o IPVDF é vinculado, Caio Efrom.

“Esse encontro reforça o protagonismo do Instituto na pesquisa sobre carrapatos e resistência a carrapaticidas no Brasil e no mundo, consolidado desde a década de 1950”, enfatiza Efrom.

Estão sendo realizadas reuniões de trabalho, atividades laboratoriais e o planejamento de futuras ações da Comunidade de Prática da FAO em Controle de Carrapatos e Resistência a Carrapaticidas.

Segundo o pesquisador do Laboratório de Parasitologia do IPVDF, Guilherme Klafke, o projeto da FAO sobre controle sustentável de carrapatos e manejo da resistência a carrapaticidas em animais de produção entrou oficialmente na fase dois.

“Como parte do desenvolvimento das diretrizes da FAO para o controle sustentável de carrapatos e o manejo da resistência a carrapaticidas, foi proposto um caminho colaborativo, destacando seis prioridades estratégicas essenciais para o futuro. Entre essas prioridades, o fortalecimento do diagnóstico e da vigilância de carrapatos, doenças transmitidas por carrapatos e resistência a carrapaticidas é um foco fundamental”, conta Klafke. “O enfrentamento da resistência a carrapaticidas começa com diagnósticos robustos e colaboração global”.

De acordo com o pesquisador, nesta semana, especialistas de laboratórios de diversas partes do mundo estão se reunindo no Instituto para colaborar na padronização de protocolos de testes de resistência a carrapaticidas e no fortalecimento da capacidade laboratorial e das redes de cooperação.

“A ampla experiência do IPVDF nessa área está possibilitando trocas valiosas com os laboratórios participantes, promovendo a melhoria e o alinhamento das práticas laboratoriais. Juntos, os especialistas avaliam os estudos necessários para aprimorar e atualizar os testes atuais de resistência a carrapaticidas”, explica Klafke.

“O encontro marca o começo de uma iniciativa da FAO com duração de dois anos, oferecendo uma oportunidade única para definir atividades que apoiarão laboratórios em todas as regiões e contribuirão para os esforços globais de vigilância da resistência a carrapaticidas”, diz o pesquisador, que integra o grupo da FAO desde 2021. “A ideia é redigir um manual de boas práticas de controle do carrapato, que deve ser publicado esse ano”, prevê Klafke.

“Para a gente é muito importante participar desse processo, porque estamos pleiteando que o IPVDF seja credenciado como um laboratório de referência da FAO da América Latina para o diagnóstico de resistência a carrapaticidas”, conclui o pesquisador.