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Laren celebra a história de seus 22 anos

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Degustação de vinhos no Laboratório de Análises Básicas. Foto: Fernando Dias/Seapi
Por Darlene Silveira

O Laboratório de Referência Enológica Evanir da Silva (Laren) está celebrando sua história de 22 anos nesta terça-feira (19/12). Ele é o laboratório oficial da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) para análises físico-químicas de vinhos e derivados da uva e do vinho no país.

História

O gerente-geral e responsável técnico do Laren, engenheiro agrônomo Plinio Manosso, comenta que antigamente existiam vários laboratórios da Secretaria da Agricultura distribuídos pelo Rio Grande do Sul. “Quando a vitivinicultura começou a ter importância industrial e comercial, na década de 1900, o Estado criou um serviço para prestar assistência técnica ao setor. Havia laboratórios com equipes que faziam fiscalização e assistência técnica nos principais municípios produtores. O primeiro foi em Porto Alegre”, afirma.

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O Laren preserva alguns equipamentos antigos como o compressor manual (à direita) para esmagar a uva. Foto: Fernando Dias/Seapi

Segundo o engenheiro agrônomo, com a criação do Mercosul, o governo e o setor sentiram a necessidade de se organizarem para poderem competir com os países vizinhos. “Aí se criou o Fundovitis, para desenvolver projetos. O Laren era uma necessidade da fiscalização, porque os outros não atendiam à demanda de identificar fraudes. Foi então que vieram essas novas tecnologias de análises isotópicas para poder identificá-las”, relembra Manosso.

Ele está no Laren desde quando era Laboratório de Enologia de Caxias do Sul, em 1991, e ajudou a fundá-lo em 2001. “Entrei na Secretaria da Agricultura em 1982, há 41 anos, sempre exerci atividades no setor da uva e do vinho, hoje na Dipov”, esclarece.

“Tive a oportunidade de ajudar na construção do Laren, que é um laboratório moderno, com equipamentos de última geração, que permite a realização de análises físico-químicas mais específicas”, relembra. “O que garante que todos os vinhos e sucos de uva produzidos no Rio Grande do Sul e no resto do Brasil sejam autênticos, genuínos. Isso deve colaborar com a cadeia produtiva na melhora da sua imagem e promoção”, acredita Manosso.

De acordo com ele, o laboratório é uma ferramenta para a fiscalização, pois atesta que os produtos atendam à legislação brasileira. “Para os consumidores, é a garantia de que estão comprando produtos com qualidade. Para a indústria vinícola também é importante, porque garante uma concorrência sadia entre as várias vinícolas. Sem falar nos produtores de uva, que são 18 mil famílias no Estado. Enquanto o setor se fortalece, os produtores também se beneficiam. E são cerca de 700 vinícolas cadastradas no Sistema de Declarações Vinícolas (Sisdevin) da Seapi”, diz Manosso.

Equipe

O Laren é composto por 13 servidores, sendo quatro servidores públicos da Seapi (três engenheiros agrônomos e uma bióloga); três contratadas (analistas de laboratório); quatro contratados via Consevitis (três auxiliares de laboratório e uma auxiliar administrativa); e duas estagiárias disponibilizadas via convênio CIEE e Seapi.

Laboratório de Análises Básicas

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Laboratório de Análises Básicas. Foto: Fernando Dias/Seapi

A biomédica Mirella Kercher, que tem mestrado em biotecnologia e faz doutorado na mesma área, é responsável pelo setor de Análises Físico-Químicas (ou Básicas). “O laboratório identifica se tem um conservante no vinho que é permitido por lei, mas às vezes pode ser colocado a mais. Também identifica se tem acidez volátil, que é se o vinho está fermentando, entre outras coisas. A gente faz fiscalização, exportação e prestação de serviços. Tudo passa por aqui”, destaca.

Laboratório de Análises Cromatográficas

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Equipamento faz análise de multirresiduos de agrotóxicos, no Laboratório de Análises Cromatográficas. Foto: Fernando Dias/Seapi

A engenheira de alimentos Fernanda Spinelli, que possui mestrado e doutorado em biotecnologia, é responsável pelo Laboratório de Análises Cromatográficas. Conforme ela, um recente avanço no setor é o monitoramento de resíduos de pesticidas por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas. “Para as matrizes de folhas de videiras, uvas, sucos, vinhos e derivados da uva e do vinho, cerca de 300 pesticidas podem ser analisados por análises de multirresíduos”, pontua. “O monitoramento é realizado no equipamento mais recentemente adquirido pelo Estado, com tecnologia de ponta, sendo controlados, por exemplo, importantes herbicidas, como o 2,4-D e o glifosato, que causam muitos danos às videiras”, enfatiza Fernanda.

De acordo com ela, o setor também realiza análises de ácido cítrico, ácido sórbico, ácido benzoico, sorbitol, florizina, ocratoxina A, metanol, álcoois superiores, acetato de etila, acetaldeído, acetal, natamicina, resveratrol, compostos fenólicos totais, índice de cor, stevia, entre outras.

Laboratório de Análises Isotópicas

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Laboratório de Análises Isotópicas. Foto: Fernando Dias/Seapi

Responsável pelo setor de Isótopos Estáveis do Laren (ou Laboratório de Análises Isotópicas), a engenheira de alimentos Susiane Leonardelli tem mestrado e doutorado em biotecnologia. Conforme ela, o setor é um grande diferencial do trabalho feito no Laren. “É o único laboratório do Brasil que hoje faz controle de água exógena no vinho, que é a adição de água no vinho e seus derivados, o que a lei não permite”, garante.

“Aqui, utilizando o isótopo de oxigênio, a gente consegue determinar o valor isotópico dele, e usando um banco de dados, construído anualmente, com uma média de 300 amostras, a gente constrói a nossa referência para dizer se foi ou não adicionada água”, explica Susiane. “O resultado é de presença ou ausência de água nos produtos. A análise leva no mínimo dois dias cada amostra e mais uma interpretação. Em média, na análise de oxigênio, são feitas 60 amostras por semana, ou 200 por mês”, esclarece Susiane.

Ela destaca que outra análise feita no setor, que tem tido uma demanda grande, é a análise isotópica de carbono. “Nessa a gente consegue dizer se foi adicionado açúcar de cana-de-açúcar, o que é feito para subir o percentual de álcool no vinho. Vinhos acima de 13 % de álcool têm que ser natural, não pode ser adicionado açúcar, porque a lei não permite”, diz a engenheira de alimentos.

“Então, pela leitura do carbono, a gente consegue dizer quanto por cento de açúcar de cana foi adicionado, quanto por cento desse álcool veio da cana e não da uva. E o carbono também dá a referência de adoçamento. Podemos fazer em média umas 20 análises de carbono por dia. Cada uma leva cerca de 20 minutos. No total, o setor realiza cerca de 200 amostras por mês, mas temos capacidade de fazer mais se tivermos demanda”, comenta Susiane. “Existem três laboratórios no Brasil que fazem a análise de carbono, um deles é o Laren”, diz com orgulho.

Setor de Microvinificações

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Amostras de vinhos na Cantina do Laren. Foto: Fernando Dias/Seapi

O setor de Microvinificações também é conhecido como a Cantina do Laren. A engenheira agrônoma e fiscal estadual agropecuário da Seapi, Fernanda Nascimento, é uma das responsáveis. “A gente faz vinho aqui, só que em uma escala menor. São vinhos de amostras de uva, de 7 a 8 quilos. É para o banco de dados do Laren. É um trabalho realizado desde 2004, onde são coletadas amostras de uva em todo o Estado do Rio Grande do Sul, e esses vinhos servem como um padrão de referência para as análises isotópicas, para verificar a autenticidade dos vinhos, se há adição de água ou de açúcar”, elucida.

A também responsável pelo setor, engenheira agrônoma e fiscal estadual agropecuária da Seapi, Carolina Scienza, diz que em 2023 foram produzidas 283 amostras. “A produção se concentra nos meses de janeiro até março. No máximo ficam até 300 amostras por ano. O número varia conforme a produção de uvas do ano anterior”, afirma.

Elas explicam que quem coleta as uvas são os fiscais estaduais agropecuários da Seapi das outras regiões produtoras, como Santana do Livramento, São Borja, Vacaria, Pinheiro Machado, Encruzilhada do Sul, Rolante, entre outras. “Aqui, a Serra Gaúcha concentra cerca de 80% da produção. São uvas de todos os tipos, comuns, usadas para vinhos de mesa e para suco, que são principalmente Bordô, Isabel, Niágara, e as viníferas Cabernet Sauvignon, Merlot, e Marselan. É conforme a produção do ano”, esclarecem.

Carolina e Fernanda disseram ainda que há planos de ampliar o Laren daqui a dois anos e incluir um laboratório de microbiologia para fazer análises microbiológicas de água e também dos derivados de uva e vinho. “Para detectar bolores, bactérias”.

Bando de Dados

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A adega do Banco de Dados do Laren possui mais de 12 mil garrafas. Foto: Fernando Dias/Seapi

O Laren elabora anualmente, desde 2004, vinhos genuínos, através de microvinificações, os quais compõem um Banco de Dados que serve de referência para análises isotópicas e cromatográficas. O número de amostras a serem coletadas anualmente é determinado levando-se em conta a produção de uvas por município e por variedade, no estado do Rio Grande do Sul, do ano anterior ao da coleta.

São as variedades mais produzidas ou que têm uma maior área de produção, cerca de 300. De cada variedade, em torno de 8 quilos para chegar na produção de um garrafão de vinho, ou em torno de 5 litros de vinho. A adega do Banco de Dados do Laren possui mais de 12 mil garrafas.

Importância e perspectivas

A gerente da qualidade e bióloga Caren Lamb vê o Laren como um laboratório de credibilidade, como um sistema seguro, rastreável e de “grande confiabilidade” nos resultados gerados. Ele passa por auditorias de reavaliações do CGCRE/Inmetro a cada dois anos e nos momentos de extensão de seu escopo. “O que confere ao mesmo ser reconhecido como um laboratório de referência enológica”, define Caren.

Para ela, existe uma perspectiva na busca de novas metodologias que continuem atendendo aos órgãos nacionais e internacionais e identificação de novas determinações analíticas para a extensão dos escopos do Laren, bem como para o desenvolvimento de novas pesquisas.  “No entanto, precisamos ampliar nossas instalações físicas, as quais foram sendo adaptadas ao longo do tempo, para atender às novas demandas e às novas tecnologias que estão surgindo”, conclui Caren.

 

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