No terceiro dia da interiorização itinerante do governo do Estado, o governador Tarso Genro e o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, inauguraram na manhã desta quinta-feira (19) a reestruturação da Inspetoria de Defesa Agropecuária (IDA) de Canguçu.

Maior concentração de propriedades de agricultura familiar da América Latina, a cidade tem recebido olhar particular e fortalecedor das políticas de desenvolvimento do Estado. “O crescimento por si só não diz nada. Se concentrar renda, não tem sentido. Todo mundo tem de ganhar. Sobretudo quem mais precisa de políticas públicas”, disse o governador.

O incentivo à pequena propriedade e ao aumento da renda do produtor estão ligados ao fortalecimento da pecuária familiar. “Queremos pecuária de alta linhagem em todas as propriedades. Não tem como os grandes produtores privados terem os melhores animais, e o pequeno agricultor produzir animais de segunda ou terceira linhas”, afirmou, referindo-se ao programa Dissemina, cuja entrega de veículo para inseminação artificial no município foi feita pelo governador ontem (18), em Pedro Osório.

Pequenas propriedades e diversificação das culturas

A cidade tem mais de dez mil produtores rurais. Dos 145 mil bovinos, 60% são para a produção de leite. Nos grãos, destacam-se a soja, milho e feijão. Também produtor de fumo, o município atua na criação de ovinos, com 50 mil animais, e suínos, cujo rebanho chega a 30 mil. “É uma das regiões do Estado que mais diversifica as culturas. Por isso, também conseguem estabilizar a economia. É o que temos defendido”, disse Mainardi.

Trigésima oitava inspetoria modernizada, de total de 248 capilarizadas pelo Estado, o objetivo, conforme o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, é contribuir para a ampliação da renda dos produtores e da própria renda pública, criar condições para melhorar a qualidade de vida dos que trabalham no campo e conter o êxodo rural.

“A modernização da inspetoria, além do resgate da dignidade do funcionário, serve para melhor atendermos ao produtor rural. Em outros tempos, já houve filas de mais de 300 pessoas esperando para retirar vacina. Isso não acontecerá mais”, antecipou o secretário.

Os projetos têm a finalidade de tornar o Rio Grande do Sul referência em sanidade animal, a partir da evolução do status sanitário, com o cumprimento de medidas de equivalência, o que possibilitará acesso a mercados exigentes, como o Japão, por exemplo.

Melhorias no trabalho e atendimento

Por suas características estruturantes, o Plano de Modernização e Revitalização do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA) prevê aplicação de cerca de R$ 60 milhões na reforma de prédios, aquisição de 368 novos veículos, 250 geladeiras, mais de 3, 2 mil equipamentos de informática, 12, 6 mil peças de mobiliário.

Segundos técnicos do quadro estadual, como o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA), Eraldo Marques, no serviço público há 30 anos, não houve até então investimento desta envergadura durante esse período.

Com isso, garantem-se a produção de alimentos saudáveis e o consistente controle sanitário. As medidas evitam a incidência de doenças, contribuem de forma preventiva com os programas de saúde pública e elevam a imagem internacional do Estado, fomentando a economia.

Guia de Trânsito pela internet

No avanço dos serviços oferecidos aos produtores, uma ferramenta digital deverá facilitar a vida de quem vive no campo. O Produtor on Line, instrumento já implantado para descentralização do registro das informações, poderá ser acessado via internet de qualquer lugar com login e senha.

Por meio dele, o produtor atualizará cadastro, consultará saldo, movimentações e confirmação dos animais recebidos, atuando inclusive como instrumento de gestão da propriedade rural e de inclusão digital.

A agilidade permitirá ao agropecuarista, se quiser, não ir mais até uma Inspetoria Veterinária toda a vez que vender animais de sua propriedade.

A modernização, segundo Mainardi, renova o ambiente e entrega aos produtores e funcionários ambiente confortável e funcional de forma padronizada. .

Programas transversais de defesa e qualidade dos produtos

Aliados às reformas das inspetorias, programas de combate a enfermidades, de melhoramento genético e fortalecimento de cadeias aumentam produção e qualificam produtores.

O Programa de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose (Procetube), o Programa Estadual de Incremento da Qualidade Genética da Pecuária de Carne e Leite (Dissemina), o Programa de Valorização da Carne Gaúcha, o Mais Ovinos no Campo e o programa de Valorização do Leite Gaúcho, dão suporte aos projetos de aumento da quantidade e da qualidade da produção primária gaúcha.

Rastreabilidade

Um deles, por exemplo, tem a meta de identificar os cerca de 14 milhões de bovídeos (bovinos e bubalinos). A chamada rastreabilidade, que aguarda votação da Assembleia Legislativa, atua em duas frentes: a identificação imediata de doenças como aftosa a partir do mapeamento por chips eletrônicos e o atendimento às exigências de mercados internacionais mais exigentes, como países da União Europeia.

No Uruguai, por exemplo, o sistema funciona há pelo menos sete anos. Livres de aftosa com vacinação, com a rastreabilidade eles exportam para mais de 120 lugares ao redor do mundo.

A cadeia da carne representa 25% da economia. Com o processo, diminuíram a incidência de abate clandestino, as doenças e, gradualmente, aumentou a qualidade do produto ofertado no mercado.