...”Enquanto a chaleira chia
O amargo vou cevando...”
Lupicínio Rodrigues

No Dia do Chimarrão (24 de abril), representantes da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Erva-Mate comemoraram o registro da Indicação Geográfica (IG) Erva-mate “Região de Machadinho” durante reunião na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). A IG foi conquistada em fevereiro deste ano. O coordenador da Câmara, Ilvandro de Melo, afirmou que o Dia do Chimarrão é muito importante para a economia e a cultura gaúchas.

A distinção é concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e identifica a origem de um produto ou serviço que tenha certas qualidades graças à sua origem geográfica, ou que tenham origem em um local conhecido por aquele produto ou serviço.

Segundo a presidente da Associação dos Produtores de Erva-Mate de Machadinho (Apromate), Selia Felizari, existem cinco polos ervateiros no Rio Grande do Sul: Alto Uruguai, Região dos Vales, Celeiro/Missões, Alto Taquari e Nordeste Gaúcho (onde está localizada a Região de Machadinho). “O polo Nordeste Gaúcho é composto por 53 municípios, e a Região de Machadinho por 10 municípios (Machadinho, Maximiliano de Almeida, Paim Filho, São José do Ouro, Cacique Doble, Barracão, Tupanci do Sul, Santo Expedito do Sul, São João da Urtiga e Sananduva)”, detalhou.

Selia contou que a Região de Machadinho é um espaço territorial localizado na região Nordeste do Rio Grande do Sul numa transição geográfica entre o Planalto Médio, o Alto Uruguai Gaúcho e os Campos de Cima da Serra.

“Esse território, no passado, foi batizado de “Região das Matas”, inspirado numa extensa cortina com floresta de araucária e rico sub-bosque de erva-mate, separando-se da região dos campos, pela origem da sua formação peculiar e natural em tempos primitivos”, explicou Selia.

Conforme ela, a erva-mate foi a indutora da colonização regional e o primeiro produto de valor mercadológico. “Os descendentes dos italianos vieram da serra gaúcha para a região de Machadinho em busca do ouro verde”, relembrou a presidente da Apromate.

Selia disse que a descoberta da cultivar Cambona 4 reafirmou a tradição e a notoriedade ervateira da região. Em 2014 foi registrada como cultivar no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). “Foi a primeira Cultivar do RS e a segunda do Brasil a obter o registro. A erva-mate é um símbolo, uma vocação e uma identidade regional, além de ser um importante produto econômico desde os primórdios da colonização”, destacou.

Concurso Árvores Gigantes

Durante a reunião da Câmara, outro assunto abordado foi o do concurso Árvores Gigantes do RS 2025, cujas inscrições vão até 30 de junho e podem ser feitas nos escritórios municipais da Emater/RS-Ascar. O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Jaime Martinez, afirmou que serão escolhidas as 10 maiores árvores de erva-mate do Rio Grande do Sul. “Já foi encontrada uma de dois metros de circunferência”, exemplificou.

De acordo com Martinez, esse processo de identificação dos grandes exemplares de árvores busca divulgar as espécies florestais nativas e promover o turismo de observação das gigantes, bem como servir de árvores-matriz para fornecer as sementes para gerar mudas futuras de qualidade.

Abertura da Colheita de erva-mate

Foi divulgada durante o encontro a data da Abertura Oficial da Colheita da Erva-Mate. Será dia 28 de maio, no município de Viadutos. O presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), Alberto Tomelero, disse que o dia é também da emancipação do município. “A cidade estará em festa. A abertura oficial ocorrerá às 11h e depois terá um almoço com hambúrguer de erva-mate e refrigerantes à base de erva-mate”.