Acordo entre dois governos deverá trazer tecnologias da Espanha para o Estado
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A assinatura de uma Carta de Intenções entre os governos do Rio Grande do Sul e da Galícia, foi a última atividade da missão gaúcha que concluiu, nesta quinta-feira, um roteiro de visitas àquela região espanhola, uma das maiores produtores de leite e produtos lácteos do mundo. O acordo abre a possibilidade de transferência de conhecimentos para a bacia leiteira de nosso estado.
A comitiva de gaúchos que desde a segunda feira,23, percorre a Galícia na Espanha em busca de conhecimentos sobre as tecnologias desenvolvidas no setor leiteiro, se despediu na quarta feria, 25, de Lugo ,depois de uma extensa agenda de compromissos. Os dois últimos dias da missão acontecem em Santiago de Compostela, onde foi assinado na tarde desta quinta-feira,26, uma carta de intenções entre o governo gaúcho, representado pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, e a Galícia, através da representante do Ministério de Ganaderia da Galícia, Rosa Quintana e o representante do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (CODEVATI), Oreno Ardêmio Heineck.
Segundo o secretário Mainardi, a partir dessa assinatura amadurece a possibilidade de um termo de cooperação entre os dois Estados, galego e gaúcho, para transferência de tecnologia genética, um dos grandes diferenciais da experiência desenvolvida naquela comunidade espanhola.
“Podemos ver de perto que um programa eficiente de desenvolvimento do setor passa por várias ações, a genética promovida pelo Estado daqui contribui decisivamente “, disse.
Mainardi se refere ao que foi observado na vista à empresa pública, com parceria privada, Xenética Fontao, a maior da Espanha , que pesquisa a produção genética e desenvolve embriões. Os recursos anuais, de aproximadamente cinco milhões de Euros, são bancados 80% pelo Estado da Galícia, e 20% por duas associações de raças bovinas, a Galega Rubia e a de gado Holândes.
Para a surpresa de muitos, o sistema de cultivo embrionário utilizado pela empresa é genuinamente brasileiro, desenvolvido na USP. Segundo o representante da empresa para a América Latina, Eduardo Grandal, brasileiro filho de Galegos, o Brasil é o primeiro país do mundo em qualidade de transferência embrionária.
“Nosso laboratório de fecundação in vitro trabalha com tecnologia brasileira. Agora, estamos perto de estender essa tecnologia aos produtores de leite gaúchos que possuem um vasto potencial de crescimento, como é o caso do Vale do Taquari”, falou.
Sanidade e genética
Ainda na manhã desta quinta-feira, o grupo, integrado por representantes da secretaria da Agricultura, da Assembléia Legislativa, do Ministério Público Estadual, de entidades como a Fetag, e da cadeia produtiva do leite, esteve reunido com o diretor-geral de Produtos Agropecuários do Governo Central da Galícia, José Alvarez Robledo.
De acordo com ele, o avanço observado nos últimos vinte anos na produção leiteira da região se deve aos investimentos em genética, sanidade animal e num trabalho de conscientização dos produtores. “Desenvolvemos um modelo de produção leiteira próprio, que trabalhou, além daquelas questões, temas ligados à comercialização, a certificação de origem e outros que agregassem valor à nossa produção”, esclareceu.
Também destacou o trabalho desenvolvido no controle da brucelose e da tuberculose, doenças que, no ano passado, registram incidência de 0% e 0,28% no ano passado. “Nosso investimento nesta atividade foi de 15 milhões de euros, em treinamento de técnicos, campanhas publicitárias e efetivação de análises laboratoriais, mas não descuidamos, porque estas enfermidades tem que estar sobre controle permanente”, concluiu.
Texto: Renê Oliveira