Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da

Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação

Início do conteúdo

Chuvas prejudicam lavouras e atrasam plantio da safra de inverno no RS

O atraso se deve às precipitações frequentes e em volumes muito elevados

Publicação:

Informativo Conjuntural
-
Por Adriane Bertoglio Rodrigues/ Ascom Emater/RS-Ascar

O plantio do trigo avançou apenas 2% e atinge 39% da área prevista para o Rio Grande do Sul nesta safra, que é de 1.198.276 hectares. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (26/6), o atraso do plantio das culturas de inverno se deve às precipitações frequentes e em volumes muito elevados (próximos a 300mm em grande extensão da região produtora do Estado). Nas lavouras de trigo semeadas recentemente houve perdas por erosão, encharcamento e compactação superficial, especialmente durante as fases de germinação e emergência. A maioria dos danos corresponde à erosão laminar, concentrada em pontos de convergência do escoamento superficial, o que não exigirá replantio, apesar da redução no estande de plantas. O replantio será necessário apenas em algumas lavouras, situadas em solo mais arenoso, onde não foram adotadas práticas adequadas de conservação, ou em regiões de relevo inferior, em que houve acúmulo de água e transbordamento de cursos d’água.

Na região administrativa da Emater de Bagé, na Fronteira Oeste, as lavouras de trigo foram severamente afetadas pelas precipitações excessivas. Em Manoel Viana, 65% da área estava semeada. Estima-se necessidade de replantio em diversas áreas, em decorrência de alagamentos e erosões severas, que arrastaram sementes, plântulas e fertilizantes. O potencial produtivo das lavouras da região está menor. Apenas lavouras com cobertura de solo adequada apresentam melhores condições, pois os processos erosivos não foram tão intensos. Na região de Ijuí, as chuvas intensas provocaram erosão, sobretudo em áreas com baixa cobertura de palha. Onde foi adotada a semeadura de culturas outonais (nabo ou ervilhaca) imediatamente após a colheita da soja, os danos erosivos foram reduzidos.

Aveia-branca - As precipitações prejudicaram o avanço da semeadura e a execução de tratos culturais. A cultura apresenta desenvolvimento adequado, com plantas vigorosas, mas a coloração das folhas está verde-pálida em decorrência da baixa luminosidade. Na região administrativa da Emater de Ijuí, a semeadura foi finalizada. Registra-se acamamento em lavouras nos estádios de emissão de panícula e floração. A Emater projeta o plantio de 401.273 hectares. A estimativa de produtividade está em 2.254 kg/ha.

Canola - As chuvas interromperam o avanço da semeadura da canola, embora grande parte dos produtores já tenha concluído o plantio. Os elevados volumes pluviométricos dificultaram a emergência das plantas. Na região administrativa da Emater de Frederico Westphalen, cerca de 65% da área está em fase vegetativa, e 35% em floração. Na de Santa Maria, 92% da área foi semeada, e a maior parte está em fase de desenvolvimento vegetativo, com pequena parcela em início de floração. Na região de Soledade, a semeadura da canola foi concluída. As chuvas intensas provocaram perdas de fertilidade do solo decorrentes de erosão hídrica, especialmente em pontos de concentração do escoamento superficial. A Emater projeta o cultivo de 203.206 hectares, e produtividade de 1.737 kg/ha, representando aumento de 37,41% e de 22,56%, respectivamente, em relação à safra passada.

Cevada - A semeadura foi temporariamente suspensa devido à recorrência de chuvas. As lavouras já estabelecidas apresentam desenvolvimento satisfatório, sem registros de danos associados às precipitações. Na região Norte do Estado, onde se concentra a maior parte da área cultivada, os volumes pluviométricos foram menores, não resultando em enxurradas nem comprometendo o estande ou a sanidade das plantas. Para a safra 2025, a Emater projeta 27.337 hectares cultivados e produtividade de 3.198 kg/ha.

Culturas de verão

Soja - A colheita foi encerrada. A Emater estima a área cultivada na Safra 2024/2025 em 6.770.405 hectares e a produtividade em 1.957 kg/ha, totalizando produção de 13.252.227 toneladas.

Milho - Os trabalhos de colheita do milho, inclusive manuais, foram interrompidos devido à ocorrência contínua de chuvas, que também comprometem a qualidade dos grãos, aumentando a incidência de fungos e de grãos ardidos. Restam áreas em regiões de minifúndios, onde a operação ocorre de forma manual, conforme sua utilização na propriedade.

Feijão 2ª safra - As lavouras de feijão não colhidas (cerca de 2%) foram severamente afetadas pelas chuvas intensas. Em muitas áreas, a colheita tornou-se inviável devido à deterioração dos grãos. Observa-se germinação pré-colheita em vagens de plantas maduras, o que comprometerá a qualidade comercial do produto. A elevada umidade relativa, associada à permanência dos grãos nas vagens sob condições saturadas de água, favoreceu a proliferação de microrganismos e acelerou os processos de degradação fisiológica e sanitária.

Pastagens e criações

As chuvas e as temperaturas mais baixas favoreceram o crescimento das forrageiras cultivadas, porém a falta de sol dificultou o pastejo e provocou o apodrecimento das folhas baixeiras. Avança a semeadura de cereais de inverno para silagem como estratégia de redução de custos e garantia de alimentação do rebanho. Em razão do frio mais intenso e do solo encharcado, o crescimento das pastagens nativas se reduziu. Mesmo assim, os animais foram transferidos para essas áreas, visando preservar as pastagens cultivadas do pisoteio excessivo.

Bovinocultura de corte - O tempo frio e chuvoso reduziu o conforto animal e o ganho de peso. Em função da chegada do frio e das geadas, que prejudicaram as pastagens, foi necessário suplementação alimentar e uso de pastagens de inverno já estabelecidas. O manejo sanitário segue intenso, mas houve redução na incidência de carrapatos, apesar da resistência aos produtos. A comercialização permanece aquecida, especialmente para animais de reposição e prenhes. O mercado está em estabilidade, e há expectativa de valorização para animais de melhor qualidade.

Bovinocultura de leite - O excesso de chuvas e o frio intenso, nas últimas semanas, reduziram a produção de leite e dificultaram o manejo das pastagens. Apesar do bom desenvolvimento das forrageiras cultivadas, a falta de sol prejudicou o pastejo e causou o apodrecimento das folhas baixeiras, afetando a alimentação do rebanho. Essas condições climáticas têm demandado maior atenção a problemas de casco, mastite e doenças respiratórias, além de reforço no manejo sanitário e nutricional, especialmente em sistemas menos estruturados ou com déficit de forragem.

Ovinocultura - Na região administrativa da Emater de Bagé, os rebanhos ovinos enfrentam forte estresse devido às chuvas contínuas, como perdas de escore corporal, mortes de animais por enchentes e frio, aumento de problemas de casco e necessidade de manejo em áreas mais drenadas para reduzir os impactos sanitários e nutricionais. Na de Soledade, os ovinos permanecem majoritariamente no campo nativo, já que as pastagens cultivadas foram ocupadas por bovinos. Os rebanhos estão em adequado estado corporal. Inicia a parição de cordeiros. O cenário é de baixa oferta de animais para o abate e de pouca comercialização de lã.

Apicultura - As chuvas e o frio intenso provocaram diminuição da atividade das abelhas, das floradas e da produção de mel, declínio populacional e confinamento dos enxames, bem como a suplementação alimentar das colmeias. Na região administrativa da Emater de Erechim, os produtores decidiram pela unificação de colmeias e pelo manejo preventivo para garantir a sobrevivência dos enxames durante o inverno. Na de Frederico Westphalen, técnicas de controle térmico foram adotadas para preservar os enxames, além do manejo das colmeias e de cuidados com a sanidade e pragas, como a varroa. Na de Pelotas, a colheita de mel está em fase final, e a produtividade varia em função da mortalidade de enxames e do uso de agrotóxicos. Na de Santa Maria, as baixas temperaturas e as enchentes interromperam a colheita de mel e causaram perdas de colmeias, mas os produtores estão vendendo mel a granel e de forma fracionada. Na de Santa Rosa, iniciou o fornecimento de alimentação de inverno e a colocação de coberturas plásticas nas colmeias para proteger os enxames da umidade e do frio. 

Mais notícias

Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação