Sistema de alertas agroclimáticos traz a previsão do tempo para o dia a dia do produtor rural
Alerta Videiras, Monitora Ferrugem, 2,4D estão entre os sistemas desenvolvidos pelo Simagro-RS
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Você já pensou em como um sistema de alerta agroclimático funciona? Que variáveis são levadas em conta, e como são calculadas, para definir o melhor tempo para plantar ou colher alguma cultura? O meteorologista e coordenador do Simagro-RS (Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos), Flávio Varone explica.
“Primeiramente a gente tem o problema, ou seja, alguma praga ou doença que possa prejudicar uma cultura em função das condições meteorológicas e a partir daí vamos atrás de artigos, dissertações, teses. Com esta pesquisa feita, definimos a equação que nós vamos usar dentro do modelo meteorológico e transformar a previsão de tempo em um produto para dar suporte ao setor agropecuário ”, afirma Varone. Segundo ele, boa parte das doenças que acontecem no setor agropecuário estão associadas ao clima, então a partir destas informações prévias das pesquisas, se busca simular a ocorrência destas doenças em função do que o modelo meteorológico está prevendo. “Em resumo: é transformar a previsão do tempo em algo que o setor agropecuário possa utilizar dentro da sua propriedade”, conclui Varone.
O caso da ferrugem asiática da soja é um bom exemplo de desenvolvimento destes modelos desenvolvidos pelo Simagro. A ferrugem ocorre em determinadas condições meteorológicas favoráveis, então para evitar que o produtor tenha que fazer diversos cálculos, o sistema disponibiliza um índice que o produtor pode acessar para saber se tem condição ou não de ocorrência de ferrugem naquele período ou local.
No caso do índice de aplicação do 2,4D, também desenvolvido pelo Simagro, o desenvolvimento do índice foi baseado a partir de uma normativa em vigor publicada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), além das orientações contidas na embalagem do produto. E o que o Simagro faz? “A gente pega estas condições determinadas pela normativa e transforma o índice numa espécie de “semáforo”, onde o produtor vai saber os melhores horários para aplicação: verde pode aplicar sem problemas, no amarelo é preciso cuidado e o vermelho não pode aplicar de forma nenhuma”, afirma Varone.
“O Simagro tem sido muito importante para o produtor rural. Por meio dele, o produtor consegue consultar no site os locais das estações meteorológicas e verificar as condições climáticas para aplicação dos herbicidas hormonais. O sistema faz uma previsão de 5 dias para que o produtor possa organizar suas aplicações de agrotóxicos”, afirma Rafael Friedrich de Lima, chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários (Disa), da Seapi.
Outro serviço disponibilizado pelo Simagro é o Alerta Videiras, um sistema de monitoramento e alertas agrometeorológicos voltado principalmente para o cultivo de uvas. Seu principal objetivo é fornecer informações em tempo real sobre as condições climáticas e emitir alertas preventivos para que os produtores possam tomar decisões estratégicas no manejo dos vinhedos, reduzindo riscos e otimizando a produção. O sistema foi desenvolvido para auxiliar produtores de uvas na prevenção de danos causados por eventos meteorológicos extremos, como geadas, chuvas intensas ou estiagens, além de apoiar no controle de doenças fúngicas (como o míldio e o oídio), fornecendo dados precisos sobre o ambiente das videiras.
Atualmente a rede de informações do Simagro-RS é composta por 98 estações meteorológicas automáticas, instaladas para adensamento da rede de sensores existente no Estado, utilizadas no monitoramento climático e no uso correto de produtos fitossanitários. O Simagro-RS também conta com modelos de tempo e clima, onde são gerados produtos agrometeorológicos para todos os 497 municípios do Rio Grande do Sul.
O Simagro pertence à Seapi e está sediado no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (CESIMET), em Hulha Negra. O Centro também desenvolve pesquisas nas áreas de butiás para geração de emprego e renda para agricultores da região, abelhas mamangava invasoras, integração lavoura-pecuária, ovinos e bovinos.