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Erradicação da praga Cydia pomonella no Brasil completa 10 anos

Monitoramento da praga ainda é contínuo por meio de armadilhas em pomares

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As armadilhas são usadas para verificar a presença dos insetos ou não no Estado - Foto: Julia Chagas/Seapi
Por Darlene Silveira

A maçã brasileira, em especial a gaúcha, teve um ganho de competitividade no mercado graças à erradicação da Cydia pomonella em 2014, fato que completou 10 anos. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Instrução Normativa Nº 10, em 2014, declarando o Brasil livre da primeira praga-inseto a ser erradicada no país. A solenidade ocorreu em Vacaria, no Rio Grande do Sul, com a presença do ministro da Agricultura, produtores, técnicos, entre outras autoridades.

“Essa conquista é um motivo de orgulho para todos nós, reforçando nossa responsabilidade em manter esse status fitossanitário. A erradicação foi um marco, mas é o monitoramento contínuo que sustenta esse feito. Portanto, vamos seguir atentos para proteger nossa agricultura e manter o Rio Grande do Sul e o Brasil livres dessa praga”, diz a chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Rita Antochevis.

Atualmente, a Seapi possui mais de 100 armadilhas instaladas para o monitoramento da praga nos municípios de Vacaria, Caxias do Sul, Bom Jesus, Arvorezinha e Anta Gorda.

Por sua vez, o pesquisador e entomologista da Embrapa Uva e Vinho, Adalecio Kovaleski, explica que a Cydia pomonella é uma das principais pragas da maçã e da pera nas principais regiões produtoras no mundo. “No Brasil, a primeira detecção ocorreu em 1991, em armadilhas instaladas na área urbana de Vacaria, no Rio Grande do Sul”, afirmou. “A partir das primeiras capturas, foi elaborado um programa de monitoramento utilizando armadilhas com feromônio nas principais áreas urbanas dos municípios produtores de maçã no Brasil, nos pontos de entrada da maçã e pera importadas, bem como na beira das rodovias pelas quais transitavam as frutas”, relembra Kovaleski.

Cydia adulta
Cydia pomonella adulta. Foto: Divulgação/Seapi

Segundo o pesquisador, com a intensificação do monitoramento, focos da praga foram detectados em Lages (SC), e em Vacaria, Bom Jesus e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. “Iniciar o programa de erradicação foi uma decisão conjunta entre os produtores de maçã do Brasil, o Mapa, a Embrapa e os órgãos estaduais de defesa fitossanitária”, pontua Kovaleski.

“Todas as ações do programa eram discutidas por uma comissão composta pelas instituições, avaliando passo a passo os avanços obtidos. Verificamos que, com a erradicação dos hospedeiros das áreas urbanas, havia uma significativa redução das capturas nas armadilhas, sendo que o último exemplar capturado foi em novembro de 2011”, afirma Kovaleski, que após três anos sem capturas, o Mapa publicou a Instrução Normativa Nº 10.

Para o entomologista, a erradicação significou um ganho de competitividade da maçã brasileira, pela redução dos custos de produção, diminuição da aplicação de inseticidas, menor contaminação ambiental, além da restrição à entrada de maçãs e peras de países com manejo inadequado. “Facilitando assim a abertura de mercados exigentes em pragas quarentenárias e resíduos de pesticidas”.

Histórico

De acordo com o engenheiro agrônomo da Seapi de Erechim, Claudir Santa Catarina, a Cydia pomonella é uma praga de relevância econômica pelo impacto negativo que causa nos cultivos da maçã do mundo inteiro. Ele conta que, em colaboração com o Mapa, a Seapi instituiu uma rede de certificação fitossanitária como medida para auxiliar no controle da Cydia pomonella.

“A construção dessa rede contava com os seguintes pilares: treinamento de profissionais técnicos para o acompanhamento da produção e detecção da praga, e habilitação junto aos órgãos oficiais desses profissionais para comporem um cadastro nacional de certificação fitossanitária de origem (ou consolidada no caso de beneficiamento). Essa rede foi muito importante para difundir o conhecimento e a necessidade de se contribuir com os agentes envolvidos no controle da praga”, esclarece Santa Catarina.

Segundo o servidor, a Seapi, em 2002, entendeu que deveria assumir o serviço de emissão de permissão de trânsito, também regulado na normativa 10 do Mapa, porque entendeu que essa permissão é o final de todo o sistema de certificação fitossanitária. “Serviço esse que foi inaugurado em 17 de junho de 2002. Abrimos nosso primeiro posto em Vacaria e iniciamos a emissão da permissão de trânsito”, relembra Santa Catarina.

Ele acrescenta que a Seapi também instituiu uma rede de pontos de emissão de permissão de trânsito e de fiscalização fitossanitária, contando com o posto fiscal de Vacaria, Torres, Iraí e Erechim. “Depois abrimos em Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Farroupilha. Mais tarde no Vale do Caí, justamente para envolver os citros na cultura de certificação fitossanitária semelhante à da maçã. Essa foi uma colaboração fundamental da Secretaria, que ajudou a coroar de sucesso o programa que pretendia erradicar essa praga no Rio Grande do Sul e no Brasil”, diz com orgulho.

“A secretaria e seus servidores (fiscais estaduais agropecuários) foram melhorando e qualificando o trabalho e, até hoje, tem existe uma rede de monitoramento da praga para garantir que ela não retorne ao país, nem ao Estado, garantindo o não prejuízo para a cadeia produtiva da maçã”, conclui o engenheiro agrônomo.

Programa Nacional de Erradicação da Cydia pomonella

O Programa Nacional de Erradicação da Cydia pomonella iniciou em 1993, cerca de dois anos depois da detecção dos primeiros exemplares da praga na área urbana de Vacaria, com o monitoramento e posteriores ações de redução populacional.

A coordenação do Programa é do Mapa, com coordenação técnica da Embrapa Uva e Vinho, e participação da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã, das Secretarias da Agricultura dos estados do RS, SC e PR, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc-SC), e da Agência Internacional de Energia Atômica, entre outras instituições.

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