Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da

Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação

Início do conteúdo

Circular da Seapi sobre diagnóstico da pecanicultura no RS é lançada

Pesquisa durou um ano, desde a formulação dos questionários, aplicação e tabulação de resultados

Publicação:

09155731 02172633 noz peca foto fernando dias
Noz-pecã. Foto: Fernando Dias/Seapi

Alguns dos resultados da pesquisa “Diagnóstico da pecanicultura no Rio Grande do Sul” já podem ser conhecidos através da “Circular Técnica nº 25 - Diagnóstico da pecanicultura no RS: colheita, pós-colheita e comercialização”, lançada recentemente pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). A demanda foi dos produtores gaúchos de noz-pecã e traz informações sobre segmentos da cadeia produtiva, apresentando pontos fortes e aqueles que precisam ser melhorados.

O estudo foi idealizado pelo coordenador do programa Pró-Pecã da Seapi, Paulo Lipp; o trabalho de pesquisa foi coordenado pela pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Seapi, Larissa Bueno Ambrosini, e executado pela Emater/RS-Ascar, sob coordenação do extensionista Antonio Borba.

A pesquisa

Em 2023 os membros da Câmara Setorial da Noz-Pecã e o grupo gestor do Programa Pró-Pecã demandaram à Seapi um diagnóstico da pecanicultura do Rio Grande do Sul. O Departamento de Governança e Sistemas Produtivos coordenou a ação, que envolveu o DDPA, a Emater/RS-Ascar e a Embrapa Clima Temperado, e contou com o apoio do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan).

Segundo Lipp, a coleta de dados foi realizada por meio de um questionário dividido em cinco agrupamentos: caracterização da família e da propriedade, caracterização dos pomares, caracterização do sistema de cultivo, colheita, pós-colheita e comercialização, dificuldades e perspectivas.

Ele conta que o questionário estruturado foi aplicado por extensionistas da Emater/RS-Ascar durante o ano passado em uma amostra estatisticamente significativa. “O que representou 319 entrevistas distribuídas em todas as mesorregiões do Estado, obedecendo à proporção definida pelo cálculo estatístico”.

Os resultados

Conforme Larissa, o cultivo de noz-pecã no RS ocorre predominantemente em estabelecimentos rurais cujas áreas totais não ultrapassam 50 hectares. “Quase metade das propriedades com pomares de pecã tem menos de 20 hectares; 47,65%, e 70,53% têm menos de 50 hectares. O que mostra que existe uma forte presença dessa cultura nas pequenas e médias propriedades rurais”, explica.

Capa circular para site
-

A pesquisa aponta ainda que as principais fontes de renda das famílias são a nogueira-pecã (51,41% dos produtores), o cultivo de grãos (28,21%) e a aposentadoria (28,84%). 

A venda de nozes representa até 10% da renda total da propriedade para 62,7% dos produtores; de 11 a 30% da renda para 18,5%; entre 31 e 50% para 7,21%; e mais de 51% da renda para 11,6% dos produtores.

“A mão de obra é exclusivamente familiar em 69% das propriedades; 30,4% contratam mão de obra eventualmente; e 10% têm contratos permanentes de trabalho em suas propriedades”, destaca Larissa. “Esses resultados estão de acordo com outros estudos, que indicam um predomínio da nogueira-pecã em propriedades de agricultura familiar, a qual é desenvolvida juntamente com outras atividades agropecuárias”, acrescenta.

De acordo com Larissa, nos últimos cinco anos, a grande maioria (83,39%) dos produtores de noz-pecã no Rio Grande do Sul não acessou crédito agrícola, seja para custeio ou investimento.

Outros dados apontam que possuem assistência técnica 65,51% dos produtores, o que indica que mais de um terço (34,49%) não tem assistência técnica para seu pomar. A Emater/RS-Ascar é responsável por 54,23% dos atendimentos; 16,93% são provenientes de empresas/profissionais contratados e 11%, viveiros.

Colheita

A maioria dos produtores de noz-pecã no Estado utiliza colheita manual (62,7%), uma parcela (26,65%) utiliza o método manual e o mecânico combinados; e apenas 10% utilizam colheita totalmente mecânica.

Pós-colheita

As atividades pós-colheita envolvem a pré-limpeza, limpeza, secagem e separação ou classificação dos frutos. A maioria dos produtores gaúchos (58, 62%), costuma fazer a pré-limpeza no pomar. A limpeza, que ocorre após a colheita, alcança 43,89%. A secagem das nozes é realizada nas propriedades em 54,55% dos casos, mas apenas um terço realiza a etapa de classificação.

“Verificamos que a maioria dos produtores (76,68%) realiza a secagem através de ventilação natural. Uma pequena parte, cerca de 10%, utiliza secador com ar aquecido, enquanto o ar forçado sem aquecimento é o método adotado por menos de 5% dos produtores”, pontua a pesquisadora.

Comercialização

Os canais de venda mais comumente acessados pelos produtores gaúchos de noz-pecã são a venda direta ao consumidor (46,71%), e a venda a uma indústria beneficiadora (41,07%). Pouco mais de 11% vendem diretamente para algum estabelecimento varejista, e 8,46% para intermediários. A venda para cooperativas e para exportação ainda é insipiente.

“Detalhando a venda direta ao consumidor, percebe-se a utilização de vários canais simultaneamente, a maior parte das transações ocorre nas propriedades (81,21%). Em seguida vemos que quase um terço dos produtores (28,19%) utilizam ferramentas disponíveis na internet para contatar clientes e comercializar as nozes. Ainda, cerca de 20% fazem a venda em feiras”, detalha Larissa.

“A pesquisa mostra também que o processamento e beneficiamento das nozes nas propriedades ainda são insipientes e poderiam ampliar o leque de produtos oferecidos, o que seria uma oportunidade de agregar valor à noz e remunerar melhor os produtores. Por outro lado, muitos conseguem acessar o consumidor diretamente nas vendas”, esclarece Larissa.

Perspectivas com o futuro da atividade

Para os produtores de noz-pecã, as principais dificuldades para o desenvolvimento da pecanicultura no Estado são o preço pago pela fruta ao produtor, a baixa produtividade dos pomares e o longo tempo, entre a implantação e o início da produção de frutas. “Destacamos ainda a falta de mão de obra na propriedade, a falta de produtos fitossanitários registrados para a cultura e a carência de equipamentos adaptados à cultura (para realizar colheita, poda, entre outros) com valores acessíveis a produtores de pequeno porte”, diz Larissa.

“Espera-se que os resultados dessa pesquisa possam subsidiar políticas públicas voltadas ao setor, especialmente as ações do Programa Pró-Pecã, principal programa estadual voltado à cultura, além de oferecer informações científicas a todos os segmentos da cadeia, para que possam analisar o cenário atual da cultura, identificando oportunidades e proporcionando tomadas de decisões mais assertivas”, finaliza Lipp.

 

Mais notícias

Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação