Circular aponta importância de associações entre plantas e microorganismos para melhor fertilidade do solo
Publicação:
“O papel dos infinitamente pequenos na natureza
é infinitamente grande.” Louis Pasteur
Divulgar a produtores rurais e à comunidade técnica ligada à produção vegetal, informações relacionadas à existência e importância das associações entre plantas e microrganismos benéficos em sistemas produtivos. Essa é a finalidade da Circular “A importância das interações biológicas e das simbioses micorrízicas em sistemas agrícolas”, publicada recentemente pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi). A ideia também é alertar sobre os benefícios da adoção de técnicas e manejos que visem à melhoria da fertilidade biológica do solo para o incremento dos patamares produtivos das mais diferentes culturas agrícolas.
Uma das autoras da circular, engenheira agrônoma do DDPA e doutora em Ciência do Solo, Gerusa Steffen, explica que a qualidade e a produtividade das mais diversas culturas agrícolas estão diretamente relacionadas à qualidade do solo, a qual está alicerçada sobre três pilares fundamentais: os parâmetros químicos, físicos e biológicos do solo. “Ambientes produtivos requerem solos quimicamente equilibrados, fisicamente estruturados e biologicamente ativos. Ou seja, não basta olhar somente para as questões químicas e físicas do solo. É fundamental compreendê-lo como um sistema vivo, onde as plantas estão interagindo com uma grande diversidade de organismos e microrganismos do solo, fundamentais para a produção vegetal”, esclarece.
Segundo Gerusa, são exemplos de benefícios das interações biológicas entre plantas e microrganismos do solo a fixação biológica de nitrogênio, a solubilização de fósforo, a ciclagem de nutrientes e o controle biológico de pragas e doenças. “Todos esses benefícios estão disponíveis para uso dos produtores através da adoção de manejos que promovam o estímulo biológico das comunidades microbianas benéficas existentes no solo, ou pela introdução de agentes biológicos nos sistemas agrícolas por meio da utilização de bioinsumos”.
De acordo com a engenheira agrônoma, embora a ocorrência das simbioses micorrízicas tenha sido descoberta há mais de um século, e que a ciência tenha clareza sobre os benefícios que essas associações proporcionem à agricultura, grande parte dos produtores ainda desconhece a importância das micorrizas. “Por isso, não utilizam manejos que visem à preservação e manutenção de simbioses em seus sistemas produtivos. Esperamos que este material técnico possa contribuir para estimular os produtores a adotar, cada vez mais, práticas, manejos e biotecnologias que fomentem uma agricultura regenerativa e produtiva”, afirma Gerusa.
O que são fungos micorrízicos
Os fungos micorrízicos fazem parte da vasta comunidade de microrganismos envolvidos na produção vegetal. O termo micorriza tem origem grega, em que “mico” significa fungo e “riza”, raiz. Portanto, as micorrizas compreendem um grupo de fungos simbiontes que se associam com as raízes das plantas de uma forma completamente benéfica, através de uma simbiose perfeita. Os fungos beneficiam as plantas fornecendo água, nutrientes e compostos orgânicos envolvidos na nutrição e proteção vegetal, enquanto as plantas fornecem açúcares e carboidratos indispensáveis ao metabolismo fúngico.
“Plantas não têm raízes, elas têm micorrizas”. Essa sentença foi proferida em 1948 por John Laker Harley no livro “Mycorrhiza and Soil Ecology”, com o intuito de alertar a comunidade científica para o fato de que, em condições naturais, a maioria das espécies de plantas se encontra associada a um grupo de fungos do solo, denominados de fungos micorrízicos arbusculares, numa simbiose mutualística obrigatória.
Gerusa conta que o papel fundamental das micorrizas na produção de plantas foi descoberto ainda no século 19, em 1885, pelo alemão Albert Frank. “Embora os estudos com fungos micorrízicos sejam antigos e consolidados, o conhecimento sobre sua importância e a preocupação com manejos que favoreçam sua multiplicação no campo ainda são recentes e merecem ser mais bem difundidos”.
Veja aqui a circular completa