Ações de assistência técnica da Emater-RS/Ascar auxiliam na manutenção dos costumes indígenas
No RS, vivem 7.500 famílias indígenas em 153 aldeias
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As casas na aldeia Kaingang Oré Kupri, na divisa de Porto Alegre com Viamão, são um misto de alvenaria e madeira. Elas foram construídas pela comunidade com material de doação. Ali moram 25 famílias, cuja renda depende de programas governamentais e da venda de artesanato e de ervas coletadas. Períodos festivos, como da Páscoa, são popularmente conhecidos por “safra do artesanato”, quando centenas de famílias indígenas de diferentes regiões do Rio Grande do Sul ocupam as ruas do centro de Porto Alegre para vender seus produtos. Na capital gaúcha é possível encontrar indígenas das etnias Kaingang, Guarani, Charrua e Xokleng vendendo cestos, balaios, colares e brincos tradicionais, além de ervas como a macela.
O território foi cedido ao povo Kaingang em 2015, como compensação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) pela obra na BR-386. Na área, as famílias cultivam sementes, hortaliças e criam animais, como aves e suínos, para autoconsumo. O feijão, um dos principais alimentos típicos dos indígenas, bem como a moranga cabotiá, abóboras e frutas, são produzidos na aldeia e fazem parte da cultura alimentar indígena.
A Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), cumpre um papel fundamental no auxílio a essas produções, desde a entrega de sementes até a assistência técnica para o plantio, cultivo, manejo e colheita. Além disso, a instituição media o acesso das famílias a programas governamentais de inclusão e incentivo à produção familiar.
Recentemente, por meio desta parceria, famílias da aldeia Oré Kupri puderam comprar animais como galinhas e uma vaca, sementes, material para artesanato e outros instrumentos necessários para a manutenção da produção. Além disso, sementes de hortaliças, milho e feijão foram entregues a famílias indígenas de todo o Rio Grande do Sul, através do projeto “Semeando nas aldeias”, realizado em 2021, em parceria com a Secretaria.
O dia do índio
Marcos Kaingang, assessor jurídico da Regional Sul da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), destaca a existência de 305 povos indígenas e 274 línguas faladas. “Existem, resistem e lutam, inclusive, pela inexistência do 19 de abril, data criada por não-indígenas para simbolizar uma imposição cultural e dizer que um dia a gente existiu e que não existimos mais”, critica.
É no sentido de mostrar aos governos a existência e atividade dos povos originários contra as políticas que lhes afetam que foi organizada a 18º edição do Acampamento Terra Livre (ATL), realizado na primeira quinzena de abril (04 a 14/04), onde mais de 8.000 indígenas de diferentes povos e regiões do Brasil acamparam na Esplanada dos Ministérios em Brasília, realizando reuniões com autoridades, atos políticos, plenárias de discussão e apresentações culturais.
Segundo o Censo do IBGE, ainda de 2010, a população indígena no Rio Grande do Sul é de aproximadas 33 mil pessoas. A Emater/RS-Ascar calcula que vivam 7.500 famílias em 153 aldeias no RS. "A atuação de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) junto aos povos e às comunidades tradicionais deve estar sempre presente a consciência de que a terra é vínculo essencial dessas comunidades, no sentido da continuidade de sua organização social, embasada em sua ancestralidade e memória cultural, que permitem a reprodução de suas especificidades quanto à maneira de viver e de produzir bens indispensáveis à garantia de sua autonomia e sustentabilidade enquanto grupos sociais”, orienta o trabalho da instituição.
Culinária tradicional Kaingang
No início de abril (06/04), uma equipe de extensionistas rurais da Emater/RS-Ascar visitou a aldeia Oré Kupri, para filmar o quadro de “Receitas”, veiculado no canal do Rio Grande Rural, da Emater/RS-Ascar. A receita escolhida foi feijão com caraguatá, chamada de “Krunin”, comida típica do povo Kaingang. Ela vai ser veiculada no dia 24 de abril, em alusão ao “Dia do Índio”, celebrado no dia 19.
“Estou apresentando uma receita que meus avós faziam para nós. Essa receita faz parte da cultura dos Kaingang. Estou aqui para passar essa tradição para meus filhos e netos”, disse, emocionada, Teresinha Loureiro. A transmissão das tradições é fundamental para manter viva a cultura Kaingang e de todos os outros povos indígenas.
Participaram da reportagem a jornalista Carine Massierer, da Regional da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, o cinegrafista José Carlos Cabral e o estagiário Theo Pagot Comissoli.
Serviço
O que: exibição da receita tradicional Kaingang “Krunin”
Quando: 24/04 (domingo)
Horário: 8h
Onde: Programa Rio Grande Rural, da Emater, exibido pela TVE-RS, no Canal 7 da tv aberta
Como acessar pelo youtube: https://www.youtube.com/channel/UCdCimyRb2dyNE9QGXQG9S0A