Câmara da Cadeia Produtiva de Carne Bovina debate ferramentas tecnológicas aplicadas na bovinocultura de corte
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A apresentação dos aplicativos BovCria e BovSan, resultados do projeto de Pesquisa de Inovação Tecnológica “Desenvolvimento de ferramentas tecnológicas aplicadas na área da bovinocultura de corte”, foi um dos assuntos debatidos nesta terça-feira (27/6) durante reunião híbrida da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O coordenador da Câmara, Gilson Barreto Hoffmann, conduziu os trabalhos.
“O projeto foi executado por pesquisadores e uma bolsista de Inovação Tecnológica do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Seapi. Os aplicativos foram desenvolvidos para o sistema Android e estão disponíveis gratuitamente na Google Play Store, nas versões em português e inglês”, explicou a médica veterinária e pesquisadora Adriana Tarouco.
Ela contou que o BovCria foi pensado para estimular produtores rurais a utilizarem ferramentas ágeis e de fácil compreensão como auxiliares na tomada de decisão frente aos desafios da bovinocultura. Segundo Adriana, em seu conteúdo constam funcionalidades como cálculos facilitados dos principais índices de eficiência reprodutiva, tabelas com as metas gerais e especificações de produção e mercado preconizadas, dicas de manejo, entre outras informações relevantes para um melhor desempenho dos rebanhos de cria.
Já o BovSan, conforme a pesquisadora, foi desenvolvido considerando que o sucesso dos sistemas de produção na bovinocultura é altamente dependente do bom desempenho reprodutivo das matrizes e dos reprodutores. “Portanto, a ocorrência de doenças reprodutivas, que afetam a fertilidade, exerce forte impacto na eficiência e na produtividade dos rebanhos de cria”, esclareceu.
Adriana destacou ainda que cerca de 50% das falhas da reprodução podem ser consideradas de origem infecciosa e que 90% dos diagnósticos realizados envolvem bactérias, vírus, protozoários e fungos que resultam em mortalidade embrionária ou fetal, causando sérios prejuízos econômicos à atividade.
“Dada a importância dessas doenças no desempenho animal, desenvolvemos um aplicativo móvel disponibilizando informações científicas, em uma linguagem bem acessível, sobre as principais doenças que afetam a saúde reprodutiva dos bovinos para técnicos e estudantes das Ciências Agrárias, assim como criadores, abordando profilaxia, diagnóstico e tratamento de uma forma rápida e objetiva”, pontuou Adriana. “O aplicativo pode também auxiliar na adoção de um programa sanitário adequado, visando melhorar os índices de eficiência reprodutiva dos rebanhos”, concluiu.
Outros aplicativos
Outros aplicativos existentes no mercado também foram abordados: Negócio Fechado, pelo CEO da plataforma, Leandro de Lemos; e AbigeApp, pelo diretor executivo da Be220, empresa criadora do aplicativo, Diego Vilela.
Lemos explicou que Negócio Fechado é uma agroplataforma digital, um ambiente para compra e venda de gado, disponível em aplicativo e na web para os sistemas Android e Apple. “Foi uma demanda do setor, vinda do Instituto Desenvolve Pecuária”, afirmou.
Segundo ele, entre as vantagens destacam-se o alto nível de sigilo, a confidencialidade e a segurança. “Ele fornece ao pecuarista cadastro protegido, anúncios direcionados, buscadores de melhor preço, conversas privativas, pagamento instantâneo, entre outras benesses”, esclareceu Lemos. “É uma rede com mais de 11 milhões de contatos no agro brasileiro e está se transformando em um mercado digital do setor para fazer transações com diversos produtos e serviços”, revelou.
“O objetivo é facilitar as transações no agronegócio, permitindo a comercialização de animais, sêmen e produtos da cadeia produtiva com agilidade e segurança”, declarou Lemos. De acordo com ele, a ferramenta possibilita, por exemplo, a comercialização de lotes de gado nas mais variadas regiões do país.
Por sua vez, Diego Vilela apresentou o funcionamento do AbigeApp, aplicativo com inteligência artificial para identificação de marcas e sinais de bovinos e equinos pelos órgãos de Segurança e Fiscalização do Rio Grande do Sul, que existe desde 2021. Conforme Vilela, o AbigeApp é utilizado nos municípios de Dom Pedrito, Rosário do Sul, São Gabriel, Santiago, Uruguaiana, Santa Vitória do Palmar, Canguçu, Unistalda, Candiota e pelo Instituto Desenvolve Pecuária.
“Já são mais de 14 mil registros (marcas e sinais) de animais, 15 mil pecuaristas cadastrados, 60 mil pesquisas feitas pelos órgãos de Segurança e Fiscalização do Rio Grande do Sul no app e 130 usuários destes órgãos”, disse com satisfação. “Com recursos de inteligência artificial, o AbigeApp atua no registro da propriedade de animais e auxilia no combate ao crime de abigeato”.
Vilela explicou que a Be220, uma software house com sede em Porto Alegre, é responsável pelo desenvolvimento do aplicativo e pela comercialização da licença de uso das tecnologias.
Agregar-RS Carnes
O Programa Estadual de Desenvolvimento, Coordenação e Qualidade do Sistema Agroindustrial da Carne de Gado Vacum, Ovino e Bufalino (Agregar–RS Carnes) foi apresentado por seu secretário executivo, Paulo Spannemberg, fiscal estadual agropecuário da Seapi. De acordo com ele, o objetivo é ampliar o abate realizado sob inspeção sanitária oficial e aumentar o desenvolvimento e a competitividade da cadeia produtiva da carne.
Spannemberg disse que o programa conta com 110 empresas habilitadas, sendo 61 com inspeção estadual (DIPOA), 38 com Inspeção Municipal (SIM) e 11 com inspeção federal (SIF). “O Agregar concede crédito presumido de 3,6% sobre o valor da Nota Fiscal de entrada de animais para abate e mais 4% de crédito de ICMS sobre o valor da Nota Fiscal de venda da carne. Com esses benefícios, a tributação da carne bovina, ovina ou bubalina no Rio Grande do Sul fica em torno de 2% de ICMS”, pontuou.
Spannemberg divulgou ainda um relatório sobre o Agregar. Segundo o programa, entre janeiro e maio de 2023, foram abatidos 649.757 bovinos e 57.140 ovinos. Os 61 estabelecimentos habilitados sob inspeção estadual abateram 48% dos bovinos e 68% dos ovinos, recebendo 50% dos créditos concedidos e sendo responsável por 33% dos postos de trabalho.
Os 38 estabelecimentos habilitados sob inspeção municipal foram responsáveis por 18% dos abates bovinos e 32 % dos abates de ovinos. Receberam 9% dos créditos concedidos e foram responsáveis por 6% dos postos de trabalho. Os 11 frigoríficos com inspeção federal abateram 36% dos bovinos, ocupam 62% dos postos de trabalho e receberam 33% dos créditos concedidos.
Durante o encontro, também foram expostos dados gerais sobre o setor de bovinocultura de corte que serão publicados na Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2023: rebanho declarado; quantidade de animais abatidos (total e por idade); destino das exportações; e ranking dos municípios com maiores rebanhos. A revista será lançada durante a 46ª Expointer, que ocorre de 26 de agosto a 3 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.